sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Aceitação (Prem Rawat)


Todos nós queremos nos divertir, desfrutar. O mais divertido de tudo isso é estarmos vivos. Nem todo mundo entende isso, porque ficamos ocupados com o significado da diversão, o significado da vida, e de qual deveria ser a definição. De repente, nos pegamos contestando o que está acontecendo à nossa volta, em vez de desfrutarmos.

Contestar é totalmente diferente de desfrutar no sentido verdadeiro. Eu não estou falando sobre festas e balões, mas de algo tão essencial ao ser humano – a diversão do coração.

As pessoas dizem: “A vida é terrível. Se você acha que a vida é diversão e alegria, então precisa de um choque de realidade”.

Qual é a sua realidade? Minha convicção, meu entendimento é que, de todos os dias que você tem nesta vida, se estiver pleno em apenas um deles, então esta vida terá valido a pena. Se forem só seis horas, três horas, uma hora, um momento, um segundo em que percebeu aquilo que lhe foi dado – esta vida terá valido a pena. Você não pode compreender o que recebeu enquanto não aceitar isso a partir do seu coração. Olhe para o que lhe foi dado em sua totalidade. Mesmo que seja por um segundo, é tão bonito, tão precioso que, sem dúvida, já é o bastante.

Quando o chamado vem de dentro, quando o coração diz: “Esteja pleno”, nós o ignoramos. Achamos que não é suficiente, ou dizemos: “Eu não tenho tempo para essas coisas”.

Nós achamos que, enquanto esta respiração estiver indo e vindo, ela deverá continuar, e não haverá um final para isso. Desculpe, mas haverá. E a humildade que isso suscitará é surpreendente. Não é como um martelo caindo. É um delicado limite. Um dia, eu terei que partir. Quando isso acontecer, o valor deste tempo, desta vida, desta respiração se tornará claro.

Não se resume ao início ou ao final da vida. É aquele dia, aquele minuto, aquele segundo em que você é tocado pela alegria pura, pela realidade pura, que acompanha você 24 horas por dia, e que nunca o abandona. Aonde quer que vá, quem quer que você seja, o presente continua vindo. Tudo o que você tem que fazer para se ajustar é aceitá-lo. Isso é tudo. Você não tem que estimulá-lo, reformulá-lo, purificá-lo ou enquadrá-lo.

Você sabe qual é a maior forma de devoção? É a aceitação. Nessa aceitação, nesse entendimento, a clareza começa a despontar, sem confusão. A clareza vem com a alegria. Essas coisas são complementares. Clareza é ligada à alegria, não à confusão. Confusão surge com a dúvida, a raiva, o medo – todas as coisas de que não gostamos e das quais não sabemos como nos livrar.

O que está sendo oferecido não é sentir essa alegria só por um instante – o que já seria suficiente –, mas sentir isso toda vez que você quiser. Não há dúvida de que, sempre que você se volta para dentro – seja essa sua última respiração ou não –, você será recompensado com a alegria, com a paz.

O que você quer? Olhe para seu coração. Ele não mudou. Você talvez tenha envelhecido, mas seu coração permanece o mesmo. O que você queria quando era bem pequeno continua desejando hoje. E não são os brinquedos. É a alegria de estar vivo – de despertar, de querer isso, de agarrar isso, de sinceramente aceitar isso.

Eu quero que você experimente em sua vida esse sentimento de plenitude. É isso. Não estou aqui para confundi-lo ou para lhe dizer que é inútil tudo o que você sabe. Não estou aqui para dizer que você deveria ou não seguir uma religião. Faça o que tiver que fazer. Mas, de todas as coisas que você faz em sua vida, inclua essa também: sinta-se pleno. E, entre tantas coisas que faz, tente o seguinte: aceite o presente que tem sido oferecido a você de forma tão abundante.

Aceite a respiração. No dia em que aceitar, será o ato de devoção mais incrível que você já praticou. Seu coração vai instantaneamente se encher de gratidão. E quando seu coração estiver cheio de gratidão, não haverá paraíso maior na face desta Terra. O tempo pára; as preocupações se vão. O coração fica repleto de gratidão. O coração é o máximo. Ele levará você de volta para sua casa.