segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Reconhecimento


Às vezes, para que possamos reconhecer o valor dos tesouros que possuímos, é preciso que alguém nos abra os olhos. E isso não acontece somente com relação aos bens materiais, mas também no campo afetivo. Talvez motivados pela rotina ou pela acomodação, passamos a observar apenas as manias ou os pequenos defeitos daqueles que convivem conosco, esquecendo-nos das qualidades boas que eles possuem. Tenhamos, nós mesmos, olhos de ver, ouvidos de ouvir e sensibilidade para sentir as boas qualidades e as virtudes daqueles que nos seguem mais de perto. Você sabia? Você sabia que há pessoas que nem sempre conseguem demonstrar seus verdadeiros sentimentos? Talvez por medo de uma decepção ou por timidez, escondem-se atrás de uma couraça de proteção que as faz sentir-se mais seguras. E essa forma de isolar-se, muitas vezes pode aparecer disfarçada de agressividade ou de comportamento anti-social. É por essa razão que precisamos desenvolver nossa capacidade de penetrar os sentimentos das pessoas, um pouco além das aparências. Certa vez duas pessoas seguiam passo lento, cadenciado. Mãos dadas. As cabeças nevadas e a lentidão do passo lhes denunciavam a idade avançada. Um homem. Uma mulher. Um casal de idosos. De mãos dadas, enamorados. As mãos seguravam firme, como a dizer que um se constituía no apoio do outro. Assim no físico, assim no afeto. O segredo dessa união sólida? O amor. Só o amor tem o poder de atravessar os anos e se tornar mais intenso. Só ele pode enfrentar com dignidade o encarquilhar das mãos, o aparecimento das rugas, o andar mais demorado. Somente ele, porque possui lentes especiais, que transcendem o físico e alcançam a alma. Relação assim regida prossegue para além da vida corpórea. Um parte como flor que fenece ao vento gélido e fica aguardando o outro. Enquanto espera o amado, a sua é a tarefa de amparar, zelar pelo que ficou nas estradas do mundo. Nas noites solidão, fala-lhe à intimidade do logo mais e insufla-lhe coragem para não se abater ante os percalços que lhe faltam vencer. Aguarda-o, no mundo espiritual, como o noivo espera a amada, em dia festivo. E quando finalmente chega o dia da partida, prepara-lhe a chegada e o retoma nos braços em suave amplexo demonstrando que o amor vence a dor, o sofrimento e a morte. Muitas almas que assim se amam, na terra, intensamente, retornam mais tarde, em nova roupagem, novamente unidos e porque amam verdadeiramente, unem-se outra vez para idealizar grandes coisas a bem da comunidade. É desta forma que encontramos casais unidos na ciência, na arte, na devoção ao semelhante, doando-se muito além do dever. Tendo vivido o amor na sua essência mais profunda aprenderam que quanto mais ele se divide, mais se multiplica. Nunca perca a sua auto-estima, conte consigo próprio e se valorize. Como diz o trecho daquela música: "Começar de novo e contar comigo, vai valer a pena ter amanhecido..."