quarta-feira, 30 de abril de 2008

Falhas


Uma das coisas que fascinam na cidade de San Francisco (EUA) é ela estar localizada sobre a falha de San Andreas, que é um desnível no terreno da região que provoca pequenos abalos sísmicos, de vez em quando, e grandes terremotos, de tempos em tempos. Você está muito alegre, caminhando pela cidade, apreciando a arquitetura vitoriana, a baía, a Golden Gate e, de uma hora para outra, pode perder o chão, ver tudo sair do lugar, ficar tontinho, tontinho. É pouco provável que vá acontecer justo quando você estiver lá, mas existe a possibilidade, e isso amedronta, porém, ao mesmo tempo, excita, vai dizer que não? Assim são também as pessoas interessantes: têm falhas. Pessoas perfeitas são como Viena, uma cidade linda, limpa, sem fraturas geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio.
Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas. É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize.
Pessoas, como cidades, precisam ser limpas, mas não a ponto de não possuírem máculas.
É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um cheiro próprio, uma camiseta velha para dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando você chorou. Pessoas, como cidades, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais, demonstrarem um certo desatino, ir contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir desculpas depois, pedir desculpas sempre, pra poder ter crédito e errar outra vez.
Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar, devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas, ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer voltar, porém, não devem nos deixar 100% seguros, nunca. Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar; nunca devem deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como cidades, têm rachaduras internas, portanto, podem surpreender.
Falhas: agradeçamos às nossas, que é o que nos humaniza, e nos fascina.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A nossa mudança de cada dia

Nós, seres humanos, somos um projeto, um “vir a ser”. Isso quer dizer que trazemos em nós a semente da transformação. A mudança é natural, faz parte do nosso processo vital.
Ocorre que, a nossa cultura, supervaloriza a permanência, o apego, a acomodação. E isso não é difícil de entender, pois, somos inseguros. Sentimos muito medo das perdas, dos fracassos, do inesperado. Sentimos medo do amanhã.
Acontece que a vida, por sua própria natureza, é arriscada. A cada mudança que procedemos, precisamos nos responsabilizar pela possibilidade de errar. O desenvolvimento humano não pode ocorrer, sem assumirmos o risco do erro. Errar é até bonito, é humano, é crescimento, desde que traga aprendizado e experiência.
É preciso, além de tudo, que a gente saiba enumerar as mudanças que pretendemos, no exato momento. E essas são as respostas que ao autoconhecimento nos possibilita. Quais são minhas prioridades? Em que sentido minhas escolhas têm contribuído para minha felicidade? Estou desenvolvendo todos os meus talentos e potenciais? Há algum ofício que eu gostaria de aprender a realizar? Como estão meus relacionamentos interpessoais? A minha profissão me realiza enquanto pessoa?
Assim, é preciso delimitar as nossas possibilidades diante da mudança. Não podemos mudar o mundo, as pessoas, as condições externas. Mas podemos nos transformar enquanto pessoas. Podemos transformar a nossa postura diante da vida e das situações, e isso é um grande passo! Trata-se da nossa evolução no sentido do crescimento, da plenitude, da realização vital.
Enfim, a abertura para a mudança significa que aprendemos a compreender o verdadeiro sentido da nossa liberdade. Significa que assumimos a responsabilidade pela construção da nossa vida, que se inicia, novamente, a cada dia.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Doença

Se a doença física agride o organismo e muitas vezes é incurável, dado a negligência do enfermo, a doença da alma ainda é mais prejudicial, pois atinge justamente o que a pessoa tem de grandeza em si: o espírito. A doença da alma começa a surgir quando a pessoa deixa de ter fé. Sem esta, desaparece também o amor; sem o amor não haverá compreensão, tolerância, fraternidade. Assim, é fácil concluir que a humildade, nos dias de hoje, primórdios de nova era, está sofrendo de males que precisam ser imediatamente pensados, começando pela valorização da vida.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Semeia sempre

No campo do mundo tu és um semeador.
Não podes fugir à responsabilidade de semear.
Não digas que o solo é áspero, que chove freqüentemente, que o sol queima ou que a semente não serve. Não é tua função julgar a terra e o tempo. Tua missão é semear.
A semente é abundante! Um pensamento, um sorriso, um aperto de mão, um pouco d’água, são sementes que germinam facilmente. Não semeies, porém, descuidadamente, como quem cumpre uma missão desagradável! Semeia com interesse, com amor, com atenção como quem encontra nisso o motivo central da felicidade.
E ao semear não penses: Quanto me darão? Quanto demorará a colheita? Recorda que não semeias para enriquecer, aguardando o ganho multiplicado. Semeias porque não podes estar inativo, porque não podes viver sem dar, porque não podes servir a Deus sem servir aos demais! És dono de ti mesmo, da vida e do universo! Tua semente, pois, não cairá no vazio. Sem esperar recompensa, receberás recompensa; sem esperar riquezas, enriquecerás; sem pensar em colheita, teus bens se multiplicarão. E tudo porque semeias num Reino onde dar é receber; onde perder a vida é encontrá-la; onde gastar servindo é aumentar.
Semeia sempre em todo o terreno, em todo o tempo, a boa semente, com amor, com interesse, como se estivesses semeando o próprio coração... Sê, pois, um Semeador.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Vendaval (Antonio Miranda Fernandes)


Ao entardecer o raio despencou como malho

partindo rochas numa obra doente de cantaria

e o escarcéu se fez com tantos ralhos que

a chuva caiu do céu rasgado e enegrecido

como ventre aberto a força parindo viu

vez chicoteando o mar que se eriçou friorento.

Quantas vezes única vida é preciso morrer

para se provar que nascer já foi valentia?

Uma cabeça gigante balançou para os lados

e tremeu o mundo sacudido por força tamanha

abanando com violência os ventos gelados

boca da noite que se abriu engolindo o dia.

O céu onde deviam morar anjos se fez fétido...

cheirava a enxofre...

e o dragão abriu as ventas

cuspindo mais fogo...

mais raios...

mais ameaças...

uma quantidade de demônios zangados sobre nós

mortos de fome e cheios de ira e desgraças.

Eu pensei nos marinheiros em mar aberto

nos seus frientos pensamentos em seus filhos

no espremer do peito esmagando o coração

na nau de quente e açoitado útero de madeira,

onde eles se aninham tremendo de pavor

ora Deuses... parem com essa brincadeira

busquem na sapiência senil outra diversão.

sábado, 19 de abril de 2008

Eu...

"Eu......
já perdoei erros quase imperdoáveis,
mas também já errei...
tentei substituir pessoas insubstituíveis,
esquecer pessoas inesquecíveis....
já agi por impulso,
já me decepcionei
quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém......
já abracei para proteger,
e já me deixei abraçar...
já sorri quando não podia,
e chorei quando não devia...
já fiz amigos eternos....
já amei e fui amado,
mas também rejeitado,
já fui amado e não soube amar....
já liguei só para ouvir uma voz...
já me apaixonei por um só sorriso...
já pensei que fosse morrer
de tanta saudade...
já tive medo de perder alguém especial......
mas acima de tudo sobrevivi...
e ainda VIVO...!!!
não passo simplesmente pela vida.....
o meu lema é aceitar o desafio com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
e ter sempre presente que um dia,
quando eu deixar esta vida,
a minha passagem por aqui ficará marcada......
para sempre..."

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O amor é solução

Se a natureza é uma constante oferta de bens para o ser humano, por que este também não pode colaborar na comunidade, dando de si em favor dos que necessitam? Dois elementos existem para manter o equilíbrio na Terra: o vento e a chuva. Em contraposição, o ser humano continua destruindo, dilapidando, vandalizando tudo. Todavia, os tempos são chegados e o ser humano precisa guardar a natureza e guardar-se a si próprio. O amor é a solução adequada para tudo, inclusive para minimizar a própria dor e consolo para a morte.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Uma história de fadas (Caio Fernando Abreu)

“Era comum que nem a gente. A única diferença é que ele era um Homem que acreditava”.
Era uma vez o País das Fadas. Ninguém sabia direito onde ficava, e muita gente (a maioria) até duvidava que ficasse em algum lugar. Mesmo quem não duvidava (e eram poucos) também não tinham a menor idéia de como fazer para chegar lá. Mas, entre esses poucos, corria a certeza que, se quisesse mesmo chegar lá, você dava um jeito e acabava chegando. Só uma coisa era fundamental (e dificílima): acreditar.
Era UMA Vez, também, nesse tempo (que nem tempo antigo, era, não; era tempo de agora que nem o nosso), um homem que acreditava. Um homem comum, que lia jornais, via TV (e sentia medo, que nem a gente), era despedido, ficava duro (que nem a gente), tentava amar, não dava certo (que nem a gente). Em tudo, o homem era assim: que nem a gente. Com aquela diferença enorme: era um homem que acreditava. Nada no bolso ou nas mãos, um dia ele resolveu sair em busca do País das Fadas. E saiu.
Aconteceram milhares de coisas que não tem espaço aqui para contar. Coisas duras, tristes, perigosas, assustadoras. O homem seguia em frente. Meio de saia-justa, porque tinham dito pra ele (uns amigos najas) que mesmo chegado ao País das Fadas elas podiam simplesmente não gostar dele. E continuar invisível (o que era de menos), ou até fazer maldades horríveis com o pobre. Assustado, inseguro, cada vez mais faminto e triste, o homem que acreditava continuava caminhando. Chorava às vezes, rezava sempre. Pensava em fadas o tempo todo. E, sem ninguém saber, em segredo, cada vez mais: acreditava, acreditava.
Um dia, chegou à beira de um rio lamacento e furioso, de nenhuma beleza. Alguma coisa dentro dele disse que, do outro lado daquele rio ficava o País das Fadas. Ele acreditou. Procurou inutilmente um barco, não havia; o único jeito era atravessar o rio a nado. Ele não era nenhum atleta (ao contrário), mas atravessou. Chegou à outra margem exausto, mas viu um estradinha boba e sentiu que era por ali. Também acreditou. E foi caminhando pela estradinha boba, em direção àquilo em que acreditava.
Então parou. Tão cansado estava, sentou num pedra. E era tão bonito lá que pensou em descansar um pouco, coitado. Sem querer, dormiu. Quando abriu os olhos – quem estava pousada na pedra ao lado dele? Uma fada, é claro. Uma fadinha mínima, assim do tamanho de um dedo mindinho, com asinhas transparentes e tudo a que as fadinhas têm direito. Muito encabulado, ele quis explicar que não tinha trazido nada e foi tirando dos bolsos tudo que lhe restava: farelos de pão, restos de papel, moedinhas. Morto de vergonha, colocou aquela miséria ao lado da fadinha.
De repente, uma porção de outras fadinhas e fadinhos (eles também existem) despencaram de todos os lados sobre os pobres presentes do homem que acreditava. Espantado, ele percebeu que todos estavam gostando muito: riam sem parar, jogavam uns nos outros, rolavam as moedinhas, na maior zona. Ao toquezinho deles, tudo virava ouro. Depois de brincarem um tempão, falaram para ele que tinham adorado os presentes. E, em troca, iam ensinar um caminho de volta bem fácil. Que podia voltar quando quisesse por aquele caminho de volta (que era também de ida) fácil, seguro, rápido. Além do mais, podia trazer junto outra pessoa: teriam muito prazer em receber alguém de quem o homem que acreditava gostasse.
De repente, o homem estava num barco que deslizava sob colunas enormes, esculpidas em pedras. Lindas colunas cheias de formas sobre o rio manso com um tapete mágico onde ia indo o barquinho no qual ela estava. Algumas fadinhas esvoaçavam em volta, brincando. Era tudo tão gostoso que ele dormiu. E acordou no mesmo lugar (o seu quarto) de onde tinha saído um dia. Era de manhã bem cedo. O homem que acreditava abriu todas as janelas para o dia azul brilhante. Respirou fundo, sorriu. Ficou pensando em quem poderia convidar para ir com ele ao País das Fadas. Alguém que gostasse muito e que também acreditasse. Sorriu ainda mais quando, sem esforço, lembrou de uma porção de gente.
Esse convite agora está sempre nos olhos dele: quem acredita sabe encontrar. Não garanto que foi feliz para sempre, mas o sorriso dele era lindo quando pensou em todas essas coisas – ah, disso eu não tenho a menor dúvida. E você?

domingo, 13 de abril de 2008

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Liberdade – Disciplina


O que o ser humano busca?
FELICIDADE...
Que é felicidade?...
Cada pessoa a entende de uma forma. Há os que precisam de muito dinheiro, para serem felizes. Outros, só precisam de AMOR. Há também, os que precisam de LIBERDADE; quer seja de pensamento ou de ação. Desde que se esteja preparado e equilibrado, essa liberdade só trará benefícios. Poder agir de acordo com os próprios sentimentos, só nos fará felizes, se nós não prejudicarmos aos outros, e, nós nascemos para sermos felizes.
Não prenda um peixinho no aquário, nem um canário na gaiola, e, muito menos, um cão na corrente. Eles nasceram livres e jamais poderiam ser felizes presos, mesmo que bem tratados.
Assim como os animais (irracionais), o ser humano (animal racional) precisa ser livre, para se realizar, se descobrir. Amor é deixar crescer, se desenvolver espiritualmente e/ou, talvez, racionalmente. Porém, às vezes, o medo de se perder alguém que se ama nos faz prendê-lo, segurá-lo, e é por aí que nós o perdemos mais depressa.
Quando não permitimos o crescimento de um ente querido, acabamos por perdê-lo e até fazemos com que nos odeie. Amor e ódio são sentimentos que andam juntos, como o Bem e o Mal, o Negativo e o Positivo. Esses sentimentos precisam estar juntos, para se completarem; por isso é tão fácil se passar do Amor ao ódio.
Amor – Aceitação – Respeito – Disciplina – atos essenciais para que sejamos amados, aceitos e respeitados. É a eterna troca, sem a qual, o ser humano não consegue ser feliz.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ser coerente


"Não procure ser coerente o tempo todo. Afinal, são Paulo disse que “a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus”.
Ser coerente é usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a ter, amanhã, as mesmas opiniões que tinha hoje. E o movimento do mundo – onde fica?
Desde que você não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem se envergonhar disso.
Você tem este direito. Não importa o que os outros pensem – porque eles vão pensar de qualquer maneira.
Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar à sua volta, descubra a alegria de ser uma surpresa para você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz são Paulo."

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Subida espiritual

É muito fácil ao ser humano subir espiritualmente, desde que a isso se disponha. Basta ter resignação, fé e amor fraterno. Ele não encontra essas virtudes em prateleiras, mas, sim, dentro de si mesmo. É necessário, apenas, ter alguns minutos por dia para conversar com o seu interior. Receita fácil que qualquer um poderá usar. Acontece, somente, que poucos se dão conta da grandiosidade desses minutos, que, em pensamento, a pessoa se eleva a planos superiores. Quando tal acontece, a assistência a ela será constante e prodigiosa, pois a pessoa subirá também no conceito de seus semelhantes.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Realizar