segunda-feira, 2 de março de 2009

Lar Doce Lar (Prem Rawat)

Nesta vida, há tanto para entender, tanto para aprender. Existem tantas coisas pelas quais nos avaliamos – quer seja a idade, as realizações, coisas que foram feitas, ou não. Mas esse não é o propósito desta vida.
Coisas acontecem. Pessoas partem, e outras chegam. É como a analogia de um lar. Todos conhecemos um lar: “Lar, doce lar”, “Bem-vindo ao lar”: Mas o que é um lar? Lar é um lugar onde coisas maravilhosas acontecem. E também onde coisas horríveis acontecem.
Se você tiver sorte, você vai dar sua última respiração no lar. Tomara que ali você tenha cultivado um ambiente feliz de prosperidade, que não esteja inundado de problemas. Que seja um lugar verdadeiramente confortável – não só fisicamente, mas um bem-estar mental e o conforto de saber que você está em sua casa.
E a única forma de transformar um lugar num lar é se você trabalhar para isso. Não é só a disposição das portas. Tenho visto felicidade, conforto e alegria em cabanas de pau-a-pique, com telhados de palha e uma pequena porta que não fecha, mas as pessoas que vivem ali estão à vontade.

Por que estou falando sobre lar? Esta existência é seu lar. E é seu dever tornar esse lar tão confortável, pacífico e belo quanto possível. Porque nesse lar se obtém a verdadeira proteção. Boas coisas acontecem, assim como coisas ruins. Você tem que se certificar de que coisas boas aconteçam ali, estimular isso, e descobrir a verdadeira alegria que esse lar pode oferecer.
Esse lar que é seu – não haverá nada igual a ele outra vez. Sei que é difícil acreditar que lhe será concedido somente 15 minutos ou mais na fase mais magnífica da vida. As cortinas não irão se fechar, mas você será convidado a sair, e outra pessoa virá. E haverá outra e mais outra. Para muita gente, é extremamente difícil acreditar nisso.
Eu digo às pessoas que perderam alguém muito próximo que está tudo bem. Eles não foram a lugar algum; ainda estão com você. Estão vivos em sua memória. Você pode vê-los, senti-los, pensar sobre eles. Eles dançam com você; estão com você. Talvez não seja a mesma coisa, mas o companheirismo continua. Alimente isso, compreenda. Não há vergonha ou sofrimento nisso. É a natureza das coisas.
A água é feliz quando está fluindo. Pode brincar com a vida. Pode abrigar outras formas de vida. Quando está parada, quando a água fresca é contida, ela se torna salobra, e tudo nela começa a morrer. Toda água precisa fluir, para voltar a ser aquela água limpa e pura.

Entenda isso. Não lute com isso. Não pergunte: “Por quê?”, pois não haverá resposta. Este presente da vida se desdobra sem esforço. Você não precisa segurar uma corda ou apertar um botão. Este é o tempo que você tem, é a consciência, a oportunidade de saber. O desafio é compreender o óbvio. Como? Ouvindo o que o coração tem a dizer. Não é uma grande filosofia ou um rufar de tambores; é uma afirmação muito simples: “Viva nesta existência”. Seja. Seja.
Aceite o que lhe foi dado. A simples aceitação já seria um milagre – simplesmente por aceitar minha existência, algo notável poderia acontecer? Sim. Isso é o óbvio. Aceite essa respiração que lhe está sendo dada. Ouça seu coração e veja e sinta o desejo de estar contente, alegre, de tornar esse lar tão lindo quanto puder. Você terá que trabalhar para isso. O lixo tem que ser jogado fora. Comece se livrando, e não acumulando lixo, pois, caso contrário, você vai continuar jogando fora o lixo e trazendo-o de volta. É isso o que todos nós fazemos.
Esse lar é tão frágil. No entanto, é o lugar que vai te proteger das tempestades. É tão delicado, ainda assim tão forte que é quase inacreditável. Talvez você pense que tudo que precisa fazer é decorá-lo para fazê-lo parecer bom. Tudo bem decorar, mas primeiro certifique-se de que é um lar feliz. Quando encontrar seu lar interior, você vai compreender que pode viver sem uma porção de coisas. Quero que seu lar seja o melhor para você, e que ali você realmente se sinta em casa. Você está aqui por causa da bênção da respiração que chega e sai de você. Que esplêndido é isso. Essa é a essência. E então ser capaz de sentir, de ir para dentro. E deixar que esse lar seja maravilhoso.

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