quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Morremos de desgosto? (Prof. Dr. Joel Rennó Junior )


......A dificuldade de lidar com as dores e problemas da vida pode ter efeitos sobre o corpo, causando doenças.
......“Morrer de desgosto” não é uma expressão sem fundamento biológico. A depressão, quando chega a limites extremos ,leva o corpo a se machucar,sem avisar a consciência.
......Há estudos mostrando que 75% dos adultos sadios sofrem de algum tipo de dor ou mal-estar no prazo de uma semana.Isso quer dizer que, em condições normais, o ser humano apresenta alguma queixa sobre si mesmo, sem que isso se constitua num transtorno. Mas devemos pensar num diagnóstico de somatização quando a pessoa que se queixa acredita estar sofrendo de um problema orgânico e busca diagnostico e tratamento médico persistentemente.
......As “idéias negras” atingem o hipotálamo, que estimula os fatores liberadores de cortizona.
......Esse, por sua vez pode diminuir nossas dores, mas pode dilatar os vasos e destruir o sistema imunológico, abrindo as portas para úlceras, pneumonias etc. Não seria exagero dizer que um indivíduo pode desenvolver uma gastrite por ter um problema no serviço,mesmo levando-se em conta outros fatores, como hábitos alimentares e a presença da bactéria helicobacter pylori.
......As doenças psicossomáticas são resultado de má adaptação e podem afetar qualquer órgão.Já se sabe que algumas patologias têm altos componentes emocionais envolvidos, como as úlceras de estômago, a pressão alta, as inflamações intestinais, as alterações dermatológicas, as artrites, as alergias, os problemas da tireóide e os sexuais. Tudo isso depende da intensidade do estresse, da duração e da repetição. A bagagem hereditária, biológica, cultural, e a maneira de lidar com o estresses ou canalizar a angústia também influenciam. ......A baixa qualidade de vida pode trazer problemas com ou sem lesões orgânicas. A cada situação de stress ou agressão física ou psíquica, o corpo responde com reações químicas: elevação da freqüência cardíaca, pressão arterial e alterações hormonais.
......Atualmente, a qualidade de vida caiu muito.
......As convenções sociais muitas vezes acabam tamponando a cólera. Deixamos de falar o que sentimos mantendo a fantasia (irreal) de estar poupando o outro. Tudo isso é natural e acontece com todos, porém, fica problemático quando esse padrão se cronifica. O que era tido como um mecanismo de defesa se volta contra nós, iniciando um processo de auto-destruição. É como acelerar um carro com os freios bloqueados. Toda a carga afetiva acaba sendo somatizada.
......Gostaria de deixar claro que tanto o “reprimir”como o “explodir” podem trazer conseqüências orgânicas indesejáveis. A crença popular de que “devemos colocar tudo para fora”, também pode trazer muitos prejuízos, pois, o que realmente conta para a mente, são os mecanismo de elaboração para vivenciar as dores e as dificuldades que possuímos. É importante desenvolvermos um processo mental capaz de unir o pensamento e o afeto. Os atendimentos psicoterápicos têm sido de grande auxílio. As medicações, quando bem indicadas e acompanhadas, são recursos complementares importantes.

Nenhum comentário: