quinta-feira, 28 de abril de 2011

Grandes Homens...

Quem faz jus ao título de "grande homem"?
Não sei...
O homem inteligente?
Não basta ter inteligência para ser grande...
O homem poderoso?
Há também poderosos mesquinhos...
Não basta qualquer forma de religião.
Podem todos esses homens possuir muita inteligência, muito poder, ecerto espírito religioso e nem por isso serem grandes homens.
Pode ser que lhes falte certo vigor e largueza, certa profundidade
e plenitude, indispensáveis à verdadeira grandeza.
Podem os inteligentes, os poderosos, os virtuosos não ter
a necessária liberdade de espírito...
Pode ser que as suas boas qualidades não corram com essa vasta
e leve espontaneidade que caracteriza todas as coisas grandes.
Pode ser que a sua perfeição venha mesclada com um quê de acanhado e tímido, com algo de teatral e violento.
O grande homem é silenciosamente bom...
É genial, mas não exibe gênio...
É poderoso, mas não ostenta poder...
Socorre a todos, sem precipitação...
É puro, mas não vocifera contra os impuros...
Adora o que é sagrado, mas sem fanatismo...
Carrega fardos pesados, com leveza e sem gemido...
Domina, mas sem insolência...


É humilde, mas sem servilismo...
Fala às grandes distâncias, mas sem gritar...
Ama, sem se oferecer...
Faz bem a todos, antes que se perceba...
O grande homem "Não quebra cana fendida, nem apaga a mecha fumegante, nem se ouve o seu clamor nas ruas..."
Rasga caminhos novos sem esmagar ninguém...
Abre largos espaços, sem arrombar portas...
Entra no coração humano, sem se saber como...
Tudo isto faz o grande homem, porque é como o sol, esse astro assaz poderoso para sustentar um sistema planetário, e assaz delicado para beijar uma pétala de flor...
Assim é, e assim age o homem verdadeiramente grande, porque é instrumento nas mãos de Deus...
Desse Deus de infinita potência e de supremo amor...
Desse Deus, cuja força governa a imensidade do cosmos - e cuja paciência tolera as fraquezas do homem...
O grande homem é, mais do que ninguém, imagem e semelhança de Deus.

Huberto Rohden

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um monstro chamado solidão


Que mensagem pode nos deixar um ato trágico como o suicídio de uma pessoa? Algo tão inusitado, pois vai contra até um dos instintos mais comuns a todas as formas de vida: o da sobrevivência. A artista Cibele Dorsa deixou explícito, por escrito, algo que a impulsionou a autodestruição: solidão. Note-se que estamos falando de uma personalidade, uma pessoa rodeada de admiradores, perseguida por fãs, que frequentava as melhores festas, enfim, como pode se dizer solitária? Talvez por pobreza de vocabulário, talvez por indiferença humana, o senso comum associa solidão à falta de pessoas ao redor, ou seja, é uma situação constatada pela visão externa, quando, na verdade, solidão é um estado de espírito, é um sentimento dos mais íntimos e individuais. E tão difícil quanto entender a solidão é saber lidar com ela, pois é algo que começa pequeno e vai se avolumando aos poucos. Toma conta de todos os outros sentimentos que poderiam nos trazer a felicidade e a estabilidade emocional. Torna-se arrasadora! Como foi com a Cibele: arrasou sua própria vida e de tantas pessoas que a amavam e carregarão essa sensação de que poderiam ter feito algo. A razão disto, não está propriamente nessas pessoas, nem na própria Cibele. Nossa sociedade esconde verdades sob o tapete. Finge que fotos bonitas substituem conversas sobre sentimentos, que amizade é estar junto na festa e não estar ao lado em qualquer situação (principalmente nas mais difíceis). Matar esse monstro chamado solidão não é fácil, mas é possível. Ouvir alguém sem julgar suas emoções, pensamentos e atos, demonstrando que os sentimentos dessa pessoa são importantes para você. Esse ainda é o melhor remédio. Não custa, não tem contra-indicações e pode ser praticado em qualquer local por qualquer pessoa. Ao invés de simplesmente nos chocarmos, vamos evitar que outros casos surjam. Vamos aproveitar o drama da Cibele, com todo o respeito que ela merece, uma reflexão sobre nosso modo de nos relacionar com os outros e com nossos próprios sentimentos. (Alankardec Gonzalez, médico psiquiatra e diretor do CVV – Centro de Valorização da Vida)