sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um amor de viúva


Nós geralmente não pensamos na possibilidade de viver sozinhos, especialmente quando estamos casados. Contudo, sabemos que ninguém nasceu para viver eternamente e, certamente, um dia, um dos cônjuges partirá e o outro passará a viver um estado de vida, que chegará de repente, sem ao menos lhe dar opção de escolha: A viuvez.
Algumas pessoas – após o convívio com o cônjuge partilhando alegrias, dificuldades e desafios, vivendo os mesmos objetivos – nos dão a impressão de que o tempo de vida comum a dois as fez viver quase que como “siamesas”. Essas pessoas não conseguem se imaginar sozinhas. Embora
tendo ainda filhos por perto, o viúvo nem sempre conseguirá derrotar a solidão, a qual muitos não desejam ter como parceira de vida. O desejo de ter alguém para conversar ou partilhar coisas comuns do dia-a-dia – o que é trivial na vida conjugal – fará com que o viúvo aspire a partilhar seus dias com outra pessoa. E decidir-se por viver um novo amor parece ser uma experiência tão desafiante quanto foi aquele momento de conquistar a primeira namorada.
A maturidade nos dá certeza sobre aquilo que buscamos. Mas quando seria o melhor momento para se dispor a viver um novo relacionamento após a viuvez? E como trabalhar com o ciúme dos filhos ao verem o pai ou a mãe inclinada a viver o namoro? Os amigos podem opinar e, como sempre, alguns serão contra e outros, a favor. Mas, assim como não há um programa pré-definido para o coração de um jovem começar a se apaixonar, a recíproca é verdadeira para os viúvos, que maduros na experiência de vida a dois, ou até mesmo com filhos crescidos, desejam voltar a viver a partilha de seus sentimentos.
Algumas pessoas levam anos para se decidir a viver
um novo amor, outras, meses e algumas preferem, por opção, continuar vivendo seu estado de viuvez.
Namorar alguém para substituir o amor da pessoa falecida, por quem ainda nos sentimos apaixonados, não parece ser a solução mais fácil. Da mesma forma, se alguém busca encontrar no namoro uma pessoa que venha a ocupar a lacuna deixada pelo (a) falecido (a), certamente não conseguirá viver a plenitude desse relacionamento.
Cada pessoa é única em si e com cada uma delas com as quais convivemos temos experiências próprias e únicas. Dessa maneira, acredito que a experiência com uma nova pessoa somente para curar as dores da perda, utilizá-la como “curativo”
para o coração “partido”, ou fazer do namoro uma sessão de terapia, não será a solução perfeita. Pois qual namorado suportaria ouvir a namorada falar por horas a fio sobre o ex-namorado?
A vivência do namoro oferece aos jovens, adultos e viúvos a oportunidade de viver a chance de abrir o coração para um novo amor, mesmo que já tenham vivido parte da vida casados com uma outra pessoa.
Ter a certeza e o conhecimento de que se deseja viver um novo namoro com alguém que poderá se tornar seu cônjuge no futuro, imagino ser objeto principal na tomada de decisão. Assim, o viúvo apaixonado, tal como os filhos, não devem ver a namorada como uma “estepe” que veio substituir o lugar da falecida, mas uma nova pessoa, com a qual, juntos, poderão construir uma nova vida conjugal e familiar.

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